Seleção natural é um dos princípios fundamentais da biologia evolutiva. Ela é responsável por explicar como as espécies mudam e se adaptam ao longo do tempo, dando origem a novas formas de vida.
Características da seleção natural
A seleção natural é, como o nome já sugere, um processo natural, o qual ocorre em todas as espécies vivas, e se baseia na ideia de que os indivíduos mais adaptados ao ambiente possuem uma chance mais elevada sobreviver e de deixar descendentes. Essa ideia foi proposta por Charles Darwin, que usou a seleção natural para explicar como as espécies se originam e mudam ao longo do tempo.
O mecanismo da seleção natural funciona da seguinte maneira: dentro de uma população de seres vivos existem variações individuais em características como tamanho, cor, resistência a doenças, habilidade de encontrar alimento, entre outras. Algumas dessas variações são herdadas geneticamente, ou seja, são transmitidas de geração em geração.
Em um determinado ambiente, algumas dessas variações podem ser mais vantajosas do que outras. Por exemplo: em um ambiente com menos luz solar, uma cor mais clara pode ser mais vantajosa, pois permite a absorção de mais luz.
Os indivíduos que possuem as variações mais vantajosas têm mais chances de sobreviver e deixar descendentes, que por sua vez herdam essas mesmas variações. Com o tempo, essas variações se acumulam na população, e podem levar a mudanças significativas na espécie, como a formação de novas espécies (as quais possuem agora características melhoradas).
Mecanismos da seleção natural
Existem três mecanismos principais pelos quais a seleção natural pode ocorrer: seleção direcional, seleção estabilizadora e seleção disruptiva. A seguir há uma explicação sobre as mesmas:
- Seleção direcional: ocorre quando uma determinada variação é favorecida em detrimento de outra. Por exemplo: em um ambiente com pouca comida, os indivíduos com bicos mais compridos podem ter mais facilidade para quebrar sementes duras e, portanto, sobreviver melhor do que os indivíduos com bicos mais curtos. Com o tempo, os indivíduos com bicos mais compridos se tornam mais comuns na população;
- Seleção estabilizadora: já essa ocorre quando a variação mais comum é favorecida em detrimento das variações extremas. Em um ambiente com temperatura constante, por exemplo, os indivíduos com tamanho médio podem ter mais chances de sobreviver e deixar descendentes do que os indivíduos muito grandes ou muito pequenos. Então a população se torna mais homogênea em relação ao tamanho;
- Seleção disruptiva: por fim, essa é onde os extremos se favorecem e os intermediários são descartados. Esse tipo de seleção pode levar à formação de duas ou mais subpopulações com características distintas. Por exemplo: em um ambiente com plantas de dois tipos diferentes, os indivíduos com bicos mais curtos podem ter mais facilidade para comer uma das plantas, enquanto os indivíduos com bicos mais longos podem ter mais facilidade para comer a outra planta. Com o tempo, a população se divide em duas subpopulações com bicos diferentes, cada uma especializada em comer um dos tipos de plantas.
Seleção natural na prática
A seleção natural pode ser observada em muitas espécies diferentes. Ela é a responsável por muitas das adaptações que se observam nos seres vivos hoje em dia. Por exemplo: é possível observar a seleção natural em ação em populações de pássaros nas ilhas Galápagos, que foram estudados por Darwin durante sua viagem a bordo do HMS Beagle.
Os pássaros das ilhas Galápagos apresentam variações em seus bicos, que estão adaptados a diferentes tipos de alimentos. Os pássaros com bicos mais finos são capazes de comer insetos e sementes menores, enquanto os pássaros com bicos mais grossos podem quebrar sementes maiores.
Em uma época de escassez de alimentos, os pássaros com bicos mais grossos têm mais chances de sobreviver e deixar descendentes, e a população se torna gradualmente mais adaptada a quebrar sementes maiores.
Outro exemplo de seleção natural em ação é o caso das mariposas da Inglaterra.
Durante a Revolução Industrial, a poluição atmosférica causou uma mudança na coloração dos troncos das árvores, fazendo com que ficassem mais escuros. As mariposas que tinham a coloração mais escura tinham mais chances de se camuflar e escapar dos predadores, enquanto as mariposas mais claras eram facilmente avistadas e devoradas.
Com o tempo, a população de mariposas se tornou mais escura, como resultado da seleção natural.
Limitações da seleção natural
Embora a seleção natural seja um dos princípios fundamentais da biologia evolutiva, ela não é o único fator que influencia a evolução das espécies. Outros fatores, como a deriva genética e a migração de populações, também têm um papel importante na evolução das espécies.
Além disso, a seleção natural só pode atuar sobre as variações que já existem dentro de uma população. Ela não pode criar variações de forma aleatória. Portanto, a mesma só pode agir sobre características que já existem em uma população, não podendo criar novas características.
SOUSA, Priscila. (21 de Março de 2023). Seleção natural - O que é, características, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/selecao-natural