Arché é um elemento presente na linguagem de filósofos pré-socráticos. Esse é visto como o primeiro conceito na filosofia que tentou buscar respostas para a origem da vida com base na razão.
Os pré-socráticos foram aqueles filósofos gregos que vieram antes de Sócrates. Eles são considerados como sendo os primeiros filósofos da história. Mas é importante relatar que nem todos os assim classificados vieram antes de Sócrates, pois há alguns que viveram no mesmo período que o filósofo ateniense viveu.
Posto isso, pode-se dizer que quando se menciona a expressão “filósofos pré-socráticos”, o que se quer dizer com isso é que eram filósofos que tinham um objeto de estudo que era distinto do que tinha Sócrates.
Sobre “arché”, esse termo define uma procura pelo algo central, de onde tudo deriva.
Esses filósofos não se tratavam de grupos de pessoas, comunidades que tinham convívio, mas eram filósofos e outros que viviam em diferentes locais na Grécia, mas que constituíam escolas. É por isso que podem haver pensadores desses com ideias em concordância ou em discordância, ou seja, alguns podem ter certos tipos de ideias, que, outros, mesmo sendo também pré-socráticos discordariam.
Arché e os pré-socráticos
O arché, para os pré-socráticos, era o princípio da formação do Universo, sendo que eles se baseavam na natureza, que era chamada de physis. E assim, muitos filósofos, como o grego Tales de Mileto, criam que tudo possuía um começo material, o que se denominava arché.
Para Tales de Mileto, a água seria o princípio fundamental de tudo, ele acreditava que esse elemento tinha vida e também movimento, ele ainda chegou à conclusão de que tudo era então redutível ao seu elemento que é seu fundamento, que nesse contexto seria a água.
Tales ainda relatava que a Terra flutuava sobre a água e que, por isso, o princípio de tudo tinha ela como base.
Por outro lado, o geólogo Anaximandro de Mileto acreditava que o arché não era algo que se podia ver, mas que se tratava de algo etéreo, não sendo determinado.
Enquanto isso, Anaxímenes de Mileto acreditava que o arché se tratava dos elementos da natureza. De acordo com ele, do mesmo modo que a alma dos seres humanos, que se trata de ar, poderia sustentá-los, então o ar seria o arché que envolve todos os seres vivos que haviam na Terra.
Mitologia e arché
Antes de surgir o arché, o pensamento que existia na filosofia sobre a origem da vida partia de exemplos da mitologia. E, nisso, a explicação sobre como o Universo fora criado partia da crença em deuses.
Esses deuses faziam a personificação de diferentes elementos presentes na natureza. A exemplo disso podemos citar Uranos, que representava o Céu e Zeus, que era o responsável por criar os trovões (além de ser o deus supremo, aquele que reinava sobre os outros deuses). Com isso, além de ser explicada a origem da vida por meio da mitologia, também se explicavam os fenômenos da natureza assim.
Mas para os pré-socráticos isso não lhes proporciona satisfação.
Como eles tiveram contato com outras culturas, houve também a invenção do calendário e ainda começavam a acontecer as navegações pelos mares, os pensadores começaram a desconfiar dessas histórias, então, aquelas explicações sobre a origem da vida envolvendo a mitologia para eles não eram mais corretas.
Esses pensadores também começaram a acreditar que a natureza não era manipulada pelos deuses, mas que existia uma ordem para que as coisas seguissem.
Com isso em mente, os filósofos pré-socráticos partiram em busca de explicações que fossem convincentes sobre a origem da vida, mas que fosse algo que não tivesse relação com fé, senão que focasse somente na razão. E essa explicação que eles buscavam não podia mais se basear em elementos místicos. Assim então nascia o que foi chamado de “arché”.
Outras características do arché
O arché também devia ser algo que sempre existiu, ou seja, esse princípio que seria o que constituía tudo deveria ser algo eterno. Mas além disso, outras das características dele são: deveria ser algo de totalidade (existir em tudo o que há no mundo) e estar em constante processo de mudança.
E falando sobre a questão da eternidade desse algo primordial, ela não surgiria do nada, mas ela sempre esteve ali, ainda que numa forma distinta da que é agora.
Já sobre a totalidade, ela se dá por conta da ordem no Universo, explicando porque, por exemplo, as plantas provêm da terra e porque os seres vivos possuem como alimentação outros seres que estão na natureza.
Por fim, sobre o movimento, ele pode ser definido como a mudança que muitos seres vivos enfrentam, com os filósofos vendo que havia uma alteração gradativa na evolução e eles ainda observavam essa evolução nas coisas. Mas é importante também mencionar que seres não vivos também pode passar por processo de mudanças, tal como acontece, por exemplo, com uma rocha.
O filósofo Heraclito ou Heráclito de Éfeso acreditava que o mundo era como uma vela acessa, que mantém a mesma aparência, contudo está sempre em processo de mudança quando a sua substância.
SOUSA, Priscila. (4 de Maio de 2022). Arché - O que é, características, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/arche