Uma elegia é uma composição poética que pertence ao género lírico, geralmente redigido em verso livre ou em tercetos. Este subgénero está associado ao lamento pela morte de um ente querido ou a qualquer acontecimento que provoca dor e tristeza. Os poetas gregos e latinos, no entanto, também tratavam temas agradáveis nas suas elegias.
Para além da dor causada pelo falecimento, as elegias retratam toda a classe de perdas (saudosismo). Existem elegias consagradas à perda de fé e ao passar do tempo (isto é, aos velhos tempos e ao passado), entre outros temas que, de alguma forma, provocam nostalgia, angústia, pena ou abatimento no autor.
Conta-se que esse gênero poético tenha surgido na Grécia Antiga por volta do século VII através de poetas como Calino de Éfeso, Tirteu e Mimnermo. A princípio, essas elegias eram cantos voltados para a guerra, incitando a luta, mas foi Calímaco, um importante poeta alexandrino do século III a.C, quem ajudou a trazer para elas o sentido que tem hoje: poemas líricos, saudosos e tristes.
E a elegia trata também de abordar temas como amores interrompidos, seja pela morte ou mesmo pela traição.
Entre os principais autores gregos de elegias, destacam-se Solón (considerado um dos sete sábios da Grécia), Teógnis de Mégara (defensor do conceito de carpe diem), Mimnermo (quem costumava lamentar-se pelo facto de a vida ser tão curta e pelos problemas associados à velhice), Calino de Éfeso e Semónides de Amorgos.
De entre os poetas latinos mais famosos que se dedicaram ao desenvolvimento de elegias destacaremos Propércio (autor reconhecido pela sua visão trágica do amor), Álbio Tibulo e Ovídio.
Sobre Tibulo, ele foi um dos primeiros poetas romanos a escrever elegias, sendo também um dos grandes poetas elegíacos, ainda, foram seus três livros escritos por meio desse gênero que influenciaram os poetas da Renascença.
Mesmo ainda não totalmente definido, esse gênero poético se tornou um dos mais cultivados no século XVI. O primeiro escritor a compor elegias em Portugal foi Sá de Miranda, no entanto, o principal ali foi Luís de Camões. Na edição completa das obras de Camões de 1595 existem quatro elegias quais são consideradas como algumas das melhores na língua portuguesa.
Já no Brasil, Fagundes Varela foi um dos mais importantes poetas desse gênero no século XIX. Outros nomes, também no Brasil, que se destacaram no século XX foram Vinícius de Moraes, Dantas Mota e Cristiano Martins.
Conhece-se como dístico elegíaco um tipo de métrica poética bastante frequente na poesia épica e, em particular, nas elegias tanto gregas quanto latinas da antiguidade. Trata-se de uma estrofe de dois versos, em que o primeiro é um hexâmetro (seis pés) e o segundo, um pentâmetro (cinco pés). A Odisseia de Homero e a Eneida de Virgílio são dois grandes exemplos em que se denota o uso do hexâmetro.
Elegia é também o título em português do episódio 22 da quarta temporada da série de ficção Arquivo X (o título original em inglês é “elegy”), onde os protagonista investigam uma série de assassinatos em que os fantasmas das vítimas eram vistos pouco antes delas morrerem.
Equipe editorial de Conceito.de. (4 de Agosto de 2012). Atualizado em 29 de Dezembro de 2020. Elegia - O que é, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/elegia