Espírito é caracterizado como a essência vital. Ele pode ter relação com divino, remeter a força natural ou até mesmo a continuidade de consciência, de acordo com diferentes religiões e culturas.
Como citado, o espírito é um conceito presente em distintas religiões e filosofias. No cristianismo, ele é associado ao Espírito Santo, que se trata da terceira pessoa integrando a Santíssima Trindade. Ele é quem guia e santifica os fiéis. Já no espiritismo o espírito tem relação com a alma, que segue a evoluir depois da morte física, com a comunicação por meio de médiuns.
No caso do hinduísmo, o espírito (chamado de Atman) se trata da essência individual que se alia com Brahman, que é a realidade suprema.
Já no budismo, que se trata de uma religião na teísta (onde não há a figura de um deus) não existe um espírito eterno. Mas ali há uma continuidade de consciência que reencarnará de acordo com o karma.
No islamismo, por fim, o espírito (Ruh) é aquele soprado por Allah, dando para um ser vida e propósito.
Em culturas animistas, como no caso das tradições africanas e indígenas, acredita-se que os espíritos residem e animam a natureza, gerando impactos na vida cotidiana.
Diz-se ainda que elementos como anjo, demônio, etc. são espíritos.
Há ainda os que remetem os espíritos a fantasmas, que seriam entidades ou aparições dos mortos. E essas aparições comumente se associariam a lugares assombrados, também a experiências sobrenaturais ou a tradições folclóricas. Tais espíritos, segundo relatam, se manifestariam para solucionar questões inacabadas ou passar mensagens aos vivos.
Espírito e almo segundo o cristianismo
A diferença entre alma e espírito, de acordo com o apóstolo São Paulo, refere-se às variadas funções e características num humano.
No caso da alma, ela é espiritual e imaterial, tendo inteligência, vontade e também sensibilidade. A sensibilidade é aquilo que permite aos humanos experimentar emoções como alegria e tristeza, que, mesmo que sejam experiências da alma, estão bem ligadas ao corpo, se mostrando fisicamente por meio de reações como lágrimas ou risos.
Já o espírito, segundo São Paulo, envolve a inteligência e a vontade. Essas se caracterizam em capacidades menos dependentes do corpo e com mais alinhamento com a imagem de Deus em nas pessoas, pois refletem a inteligência e também a vontade divinas.
A inteligência é o que possibilita entender, já a vontade capacita para tomar decisões, exercendo pouca influência direta do corpo. E assim Paulo distingue entre a sensibilidade (alma), com mais relação com a matéria, e o espírito (inteligência e vontade), algo mais elevado e que depende pouco da matéria. A oração é algo que a pessoa pode fazer para ligar seu espírito com o divino.
Em outras religiões
A diferença que há entre alma e espírito varia bastante entre diferentes religiões. E isso demonstra que há muitas perspectivas a respeito da natureza humana e da vida após a morte.
Para o hinduísmo a alma (Atman) ou espírito é a essência individual e eterna. Já no espírito o espírito seria como a manifestação divina ou prana, uma energia vital que atua animando o corpo. E a ali a alma está destinada a se liga ao Brahman.
No budismo, como citado, a distinção fala de uma continuidade de consciência ou de um fluxo mental, em que o “espírito” então seria entendido como tal continuidade que transmigra, condicionado através do karma.
Enquanto que no islamismo, a alma (Nafs) seria a entidade que experimenta a vida e a morte. E ao final ela é julgada. Ao passo que espírito (Ruh) se caracteriza no sopro divino que concede vida e propósito, numa ligação direta com Allah (o deus do islamismo).
No judaísmo, a alma (Nefesh) remete à vida e ao ser consciente, ao passo que o espírito (Ruach) seria o princípio vital e também a inspiração divina, uma força que gera ânimo e que é ainda fonte de moralidade.
Por fim, no espiritismo, a alma é classificada como o ser espiritual individual que evolui por meio das reencarnações. E o espírito ali comumente se refere a essa mesma entidade em distintos estados de existência.
O conceito de espírito surge ainda no taoísmo e no xamanismo.
Espírito na filosofia
Na filosofia, o conceito de espírito possui também diferentes vertentes, variando segundo diferentes correntes de pensamento. De modo geral, o espírito ali seria a essência não material que distingue a consciência, a mente ou mesmo o eu.
No que tange o idealismo, filósofos como Hegel creem que o espírito (Geist) seria a manifestação da razão universal, desenvolvida historicamente. De acordo com Hegel, o espírito absoluto seria a realidade última, obtida quando a consciência alcança o entendimento pleno sobre si e sobre o mundo.
Já no dualismo, Descartes sugeriu a distinção entre mente (res cogitans) e corpo (res extensa). E nesse caso a mente ou espírito seria a substância pensante, autônoma a matéria. Ele dá ênfase a existência de uma alma racional que se distingue do corpo físico.
E para existencialismo, filósofos como Sartre abdicam da noção de uma essência predefinida, crendo que a existência antecede a essência. O “espírito” é mais ligado à liberdade e à responsabilidade individual o desenvolvimento do próprio significado e objetivo.
SOUSA, Priscila. (21 de Maio de 2024). Espírito - O que é, na filosofia, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/espirito