Escutar significa prestar atenção àquilo que se ouve. A palavra provém do latim ascultāre e refere-se ao ato de usar a orelha para ouvir algo, estar atento a um aviso sonoro (um alarme, por exemplo), a um conselho ou a uma sugestão ou ter em conta aquilo que é dito.
Escutar está portanto relacionado com a audição e os processos psicofisiológicos que conferem ao ser humano a capacidade de ouvir. O aspecto fisiológico é determinado pela estimulação dos órgãos da audição, ao passo que o processo psicológico deriva do ato consciente de escutar/ouvir um som.
O sistema auditivo pode dividir-se em duas partes: o sistema auditivo periférico (a orelha), responsável pelos processos fisiológicos que captam o som e enviam este para o cérebro, e o sistema auditivo central (os nervos auditivos e o cérebro), encarregue pelos movimentos psicológicos que compõem aquilo que se conhece como percepção sonora.
A orelha consta de três partes: a orelha (ou o ouvido) externa, a média e a interna. A orelha externa é formada pelo pavilhão auricular e o conduto auditivo externo; a orelha média, por sua vez, inclui o tímpano, os ossículos (martelo, bigorna e estribo), as cavidades mastoideas e a trompa de Eustáquio: e a orelha interna, por fim, consta da janela oval, da cóclea, do vestíbulo e dos canais semicirculares.
A ação de escutar ocorre quando o ouvido capta as ondas sonoras que se transmitem através do conduto auditivo até ao tímpano. O tímpano vibra quando estas chegam a ele, e essa vibração chega aos ossículos, os quais amplificam o som e transmitem-no para a orelha interna através da janela oval. Por fim, as vibrações põem em movimento os dois líquidos que existem na cóclea (perilinfa e endolinfa), deformando assim as células ciliadas existentes no interior. Estas células transformam as ondas sonoras em impulsos eléctricos que chegam ao nervo auditivo e depois para o córtex auditivo, que é o órgão que interpreta os sons.
Aspectos psicológicos do processo de escutar
Os aspectos psicológicos do escutar compreendem diversos processos cognitivos e emocionais.
Se tem como primeiro estágio a percepção auditiva, onde o som captado por meio dos ouvidos é interpretado pelo cérebro. Isso torna possível identificar distintas frequências e intensidades, crucial para entendimento da fala e outros estímulos sonoros.
Há ainda a atenção e concentração como vitais na filtragem dos sons relevantes diante de ruídos e para focar no que é essencial. A atenção seletiva possibilita que o indivíduo priorize certos sons, ao passo que a concentração sustenta o foco por períodos prolongados.
O processamento auditivo é mais do que a simples percepção de sons. Ele abarca a interpretação do que se escuta. O cérebro realiza a organização e atribui significado para os sons, o que envolve reconhecer padrões, detectar palavras e realizar conexões com experiências anteriores.
A memória auditiva é que atua no armazenamento e recuperação de informações auditivas. Ela possibilita a retenção de sons por curtos períodos (com a memória de curto prazo) ou guarda-los por mais tempo (na memória de longo prazo). Isso é muito importante para seguir instruções orais e lembrar de conversas.
Esses aspectos interagem frequentemente, influenciando na capacidade de escuta eficaz. Mas interferem ainda na compreensão de mensagens e na interação com o ambiente sonoro ao entorno.
Auscultar
Há ainda um termo parecido sonoramente com escutar, que é auscultar.
Auscultar se trata do ato de escutar de maneira atenta e cuidadosa os sons internos do corpo. Mas isso geralmente é feito usando um estetoscópio, avaliando assim o estado de saúde do paciente.
Essa técnica é muito frequente na prática médica, ainda mais em exames do coração, pulmões e do abdômen.
Ao auscultar, o profissional de saúde consegue então identificar sons normais ou anormais, como no caso de batimentos cardíacos, respiração ou até de movimentos intestinais, quais servem para indicar condições ou doenças específicas.
O médico pode, pode exemplo, auscultar o tórax de um paciente a fim de detectar ruídos respiratórios alterados. E com isso ele identificaria chiados ou estertores, que sugeririam problemas como asma ou pneumonia.
De igual modo, a ausculta do coração revelaria sopros ou ritmos cardíacos anormais, apontando possíveis problemas nas válvulas cardíacas ou também arritmias.
Desse modo, auscultar se trata de uma ferramenta crucial no diagnóstico médico, permitindo detectar sinais precoces de doenças, os quais poderiam não ser visíveis por meio de um exame físico simples.
Equipe editorial de Conceito.de. (23 de Janeiro de 2012). Atualizado em 24 de Setembro de 2024. Escutar - O que é, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/escutar