Falácia, do latim fallacĭa, uma falácia é uma mentira ou um engano com que se pretende prejudicar uma pessoa. Por exemplo: “A falácia do seu alegado empregado fez com que eu tenha vivido na ignorância estes anos todos”, “O Paulo passa a vida com falácias, na tentativa de burlar as pessoas”. Neste mesmo sentido, dá-se o nome de falácia ao hábito de recorrer às falsidades para causar calúnias.
Para a lógica, uma falácia é um sofismo, uma refutação aparente que se utiliza para defender algo falso, expondo premissas falsas como sendo verdadeiras. Trata-se de um raciocínio que aparenta ser lógico, mas cujo resultado é independente da veracidade das premissas.
A falácia lógica, como tal, implica uma aplicação incorreta de um princípio lógico válido. Também pode ser formada pela aplicação de um princípio inexistente.
Vejamos o seguinte exemplo:
1. As esmeraldas são verdes.
2. Este anel é verde.
3. Então, o anel é de esmeraldas.
As duas premissas mencionadas podem ser verdadeiras. Porém, a conclusão não é necessariamente verdadeira. O anel pode ser de esmeraldas ou de outro material qualquer de cor verde. No primeiro caso, a conclusão poderia perfeitamente ser verdadeira, mas, no segundo, estaríamos perante uma conclusão falsa.
Outro exemplo de falácia, conhecida como ad hominem, acontece quando se desacredita a pessoa que faz as afirmações para que, deste modo, seja desacreditado tudo aquilo que ela diz:
1. O Martinho afirma ter visto o Pedro a roubar dinheiro.
2. O Martinho é mentiroso por natureza.
3. Então, o Pedro não roubou o dinheiro.
Nestes casos, a falácia não diz respeito à validade da afirmação em si, mas antes à pessoa que a profere, isto é, não ao que é dito mas a quem o diz.
Mais sobre os riscos da falácia e conceitos relacionados
A falácia é um erro de raciocínio que afeta de forma negativa a validade de um argumento, por vezes de maneira proposital, se usada em sofismas. Sofismas se tratam de falácias intencionais, criadas a fim de enganar, aparentando lógica onde na verdade existe engano.
Na retórica e nos discursos, falácias seriam ferramentas para convencer, ainda que de modo desonesto, através de argumentos falhos que parecem válidos. Argumentos que possuem falácias, portanto, aderem a persuasão pela retórica sem que haja compromisso com a verdade lógica.
Desse modo, as falácias se tratam de uma distorção do raciocínio crítico e refletem a utilização de técnicas argumentativas a fim de manipular opiniões ou de induzir conclusões equivocadas.
A seguir há alguns exemplos de usos do termo em frases, o que ajudará a entender melhor esse conceito:
- A ideia de que uma coisa é verdade só porque algumas pessoas acreditam se trata de uma falácia de apelo à maioria;
- Ele utilizou uma falácia do espantalho a fim de distorcer o argumento da oponente e conseguir a sua refutação naquele momento.
Falácia no âmbito da filosofia
Aristóteles é considerado como o pioneiro no estudo das falácias, a qual ele classificou em dois grupos: as que precisam do uso da linguagem e as independentes dela.
No primeiro grupo de Aristóteles, há os erros argumentativos que aparecem de ambiguidades linguísticas ou de interpretações imprecisas. Já no segundo ficam as falácias relacionadas ao conteúdo ou à estrutura lógica do argumento, sem que haja uma ligação direta com as palavras usadas.
Em seu trabalho de nome Refutações Sofísticas, Aristóteles avaliou as falácias no contexto de diálogos, em que o erro argumentativo podia ser detectado e corrigido através de interlocutores.
No entanto, através dos séculos, a tradição escolástica e demais correntes começara a tratar as falácias de maneira monológica, em outras palavras, sem a existência da interação dialógica que Aristóteles tratava como essencial. E essa alteração de abordagem tornou difícil a sistematização das falácias, já que, com a ausência do contraponto dialético, ficou mais complicado detectar erros e nuances sutis.
Atualmente, o estudo sobre as falácias continua relevante, ainda mais em contextos argumentativos e retóricos, já que elas servem para ilustrar equívocos de raciocínio e também para manipular audiências nos discursos demagógicos. Ao entender a sua origem e tipos, há então como desenvolver uma análise crítica que seja mais apurada sobre as argumentações.
Equipe editorial de Conceito.de. (28 de Fevereiro de 2012). Atualizado em 6 de Novembro de 2024. Falácia - O que é, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/falacia