Assíndeto é uma figura de linguagem que deixa de lado as conjunções coordenativas.
Essa figura de linguagem se caracteriza pela ausência do chamado síndeto, que é o elemento que possui o objetivo de unir termos em orações coordenadas. Veja um exemplo:
Ninguém o havia notado, ele ficou ali, no canto, pensando, olhando em volta, tristonho.
O termo assíndeto é de origem grega, composto pelo prefixo “a”, indicando ausência, e por “sýndeton”, que possui o significado de “ligação”. Logo, o significado desse termo é algo como “onde não há ligação”.
Esse é um recurso que integra a mesma família que o pleonasmo, a anáfora e a elipse, que é a figura de sintaxe. Nessa figura se sintaxe se omitem conectivos.
O uso do assíndeto, em muitos casos, faz com que se tenha a impressão de que há mais coisas que não foram expostas no enunciado.
Esse tem sido um recurso retórico e literário popular que remonta a séculos. E há uma citação bastante popular, com o uso do assíndeto, que foi a do líder romano Júlio Cesar, que disse o seguinte: “Veni, vidi, vici”, que traduzindo fica algo como “eu vim, vi, conquistei”.
Compreensão dos conectivos
Mas para entender melhor sobre o assíndeto, antes é necessário ter uma compreensão do que são esses conectivos.
Os conectivos tratam-se de palavras ou mesmo expressões que servem para interligar frases, orações ou períodos. E é com a ajuda deles que se consegue elaborar uma sequência de ideias.
Mas quando acontece o assíndeto, então o conectivo é substituído geralmente por uma virgula ou por ponto e vírgula. E com o uso de tais elementos o que se tem são orações coordenadas assindéticas.
Veja a seguir um caso de uso desse recurso e um comparativo com um enunciado sem ele:
Ela foi até a loja e comprou sapatos, meias e cintos.
Ela foi até a loja e comprou sapatos, meias, cintos.
No segundo exemplo, há a omissão da conjunção “e”. E isso faz com que haja o assíndeto. Com isso o efeito que se tem é de que algo está incompleto, como se ela houvesse adquirido mais coisas na loja além do que foi citado.
Veja a seguir outro exemplo:
O rapaz é inteligente, mas arrogante; tem boa oratória, mas age com grosseria.
O rapaz é inteligente, arrogante, tem boa oratória, age com grosseria.
Nesse exemplo, temos a conjunção coordenada “mas” que faz a ligação entre esses dois enunciados e aqui ela possui a função de ser uma oposição. Mas quando essa conjunção é eliminada, então há um enunciado que indica que o indivíduo é caracterizado como tendo muitos adjetivos além dos mencionados.
Do uso do assíndeto
É comum que esse recurso seja utilizado sempre que o objetivo seja tornar algo mais expressivo ou quando se queira enfatizar algo que seja muito relevante.
Nisso, é comum seu uso em poemas ou em letras de música. Um exemplo é no caso de um dos trechos do poema Céu e Mar de Luis de Camões, onde há:
“O céu, a terra, o vento sossegado
As ondas, que se estendem pela areia
Os peixes, que no mar o sono enfreia
O noturno silêncio repousado”
Mas há como usar o assíndeto na linguagem oral também, ainda que esse uso seja menos frequente.
A seguir temos alguns exemplos de uso do assíndeto:
– Todos eles, juntos, abraçam-se, apoiam-se;
– Parou, pensou, refletiu, repensou;
– O fogo, o vento, o ar, a água, todos elementos da natureza;
– E assim quis conquistar céu, terra, mar;
– Desperta, levante-se, limpe a poeira, vá à luta!
– Quando se tem um objetivo, se tem um direcionamento; quando se tem um propósito, se tem um motivo;
– Ali ele permaneceu, parado, como estátua, imóvel, estático;
– Quanto mais se ensina, quanto mais se repassa, mais você absorve;
– Corra, lute, vença, seja forte.
O uso dessa figura de linguagem faz com que um texto fique mais curto, posto que omite conectivos, desse modo o enunciado fica mais acelerado também.
Por exemplo:
– A lista de compras não tinha fim, eram pastas, canetas, cadernos.
Assíndeto e polissíndeto
Se de um lado há o assíndeto, que omite conjunções coordenativas, por outro lado há o polissíndeto, que adiciona mais conectivos.
O polissíndeto é caracterizado por ser mais usado em conjunções coordenativas aditivas, por exemplo:
– Não quis saber de nada, nem comer, nem beber, nem dormir.
Note que o mesmo é o oposto do assíndeto.
A seguir há um exemplo de caso de polissíndeto e de assíndeto:
Marcos parou e olhou para o horizonte e suspirou aliviado (polissíndeto);
Marcos parou, olhou para o horizonte, suspirou aliviado (assíndeto).
Ainda que tais dispositivos estilísticos remetam a civilizações antigas, os mesmos são usados até os dias de hoje. E o uso deles numa música, obra de romance, num conto, entre outros, pode adicionar mais expressividade.
SOUSA, Priscila. (30 de Maio de 2022). Assíndeto - O que é, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/assindeto