Coisificação é o processo de tratamento de algo não material como se fosse objeto tangível ou uma mercadoria. E esse algo não material pode ser ideias, emoções ou mesmo seres humanos.
Na coisificação, há a redução de complexidades humanas para categorias simples ou tratá-las como se fossem propriedades.
O termo é repetidamente usado em contextos sociológicos e filosóficos focando em destacar a desumanização que é fruto da objetificação de aspectos inerentemente humanos. Esse fenômeno tende a ocorrer em muitas situações, desde nas relações interpessoais até nas representações na mídia, ressaltando a essencialidade de admitir a individualidade e dignidade dos indivíduos além de meros objetos.
A coisificação se caracteriza como um fenômeno multifacetado com raízes na interseção de fatores filosóficos, históricos e sociais. No contexto capitalista, ela se apresenta de maneiras variadas, permeando relações de cultura pop, gênero, mídia e outras.
Coisificação no contexto histórico e filosófico
A coisificação, ligada à história e filosofia, remete a teorias que exploram a conversão de conceitos abstratos nas entidades tangíveis.
Filósofos, como Karl Marx, discorreram sobre a coisificação como sendo uma parte integrante do capitalismo. Nesse caso, as relações sociais seriam ofuscadas pela mercantilização de trabalho e de bens.
A alienação, que é um conceito marxista, ressalta a perda de conexão da pessoa com sua essência humana, ocasionando a coisificação da sua atividade laboral.
A coisificação e o capitalismo
No âmbito do capitalismo, a coisificação chega em seu auge. É frequente então a redução das relações humanas e do trabalho a meras transações comerciais.
O consumismo descomedido estimula a mercantilização não somente de produtos, mas ainda de experiências e mesmo da própria identidade. A lógica capitalista dissemina uma cultura em que o valor humano é por vezes medido através da capacidade de consumir e de produzir.
Coisificação nas relações de gênero
A coisificação no contexto das relações de gênero se encontra enraizada em estereótipos patriarcais e sexistas. O patriarcado prolonga a objetificação das mulheres, as submetendo a papéis subalternos. Ainda, a cultura do estupro e o sexismo em publicidades favorecem a coisificação, convertendo os corpos das mulheres em objetos de desejo, por vezes dissociados de sua humanidade.
Há ainda o body shaming e a fetichização, quais agravam a pressão sobre as mulheres, sujeitando-as a padrões estéticos irreais.
Na mídia e na cultura pop
A mídia e a cultura pop cumprem um papel importante na coisificação, delineando percepções e normas sociais.
A indústria da moda e da beleza, por meio de propagandas, ressalta estereótipos de beleza inatingíveis, ajudando na alienação e desumanização.
A cultura pop costuma também perpetuar a exotificação e racialização, convertendo identidades culturais em tendências de consumo. A imagem corporal, então, é constantemente distorcida, nutrindo a coisificação ao ressaltar a estética em detrimento de uma individualidade.
Termos chave relacionado a esse conceito
A coisificação é nutrida pela alienação, em que a conexão humana é trocada pela busca incansável por produtos e status. A desumanização é fruto da perda da essência individual em favor das categorias simplificadas.
O consumismo, essencial ao capitalismo, aumenta a coisificação ao converter tudo em mercadoria. A propaganda, em especial na mídia, amplia estereótipos de gênero, eternizando o machismo.
Implicações psicológicas da coisificação
As suposições psicológicas da coisificação são densas e geram impactos na saúde mental dos indivíduos.
E uma constante objetificação levaria à internalização de padrões inalcançáveis, ocasionando uma baixa autoestima, também distorcendo a autoimagem. A busca frequente por atender a tais padrões estéticos geraria transtornos de ansiedade, alimentares e depressão.
Tal conceito, ainda, nas relações interpessoais desencadeia implicações psicológicas adversas. As pessoas que são constantemente tratadas como objetos experimentariam sentimentos de solidão, afastamento e ausência de valorização. A alienação que é fruto da coisificação levaria degradação da qualidade das relações e à desconexão emocional.
Além do mais, a coisificação ajuda na formação de identidades frágeis, que carecem da validação externa. A frequente exposição a imagens arquitetadas na mídia criaria expectativas irreais, conduzindo a sentimentos de desajuste e insatisfação crônica.
Coisificação e objetificação
Mesmo que os termos “coisificação” e “objetificação” tenham alguma relação, eles possuem nuances distintas. Ambos descrevem os processos onde algo não material é considerado como um objeto tangível, mas são utilizados em contextos diferentes.
Coisificação remete ao tratamento de pessoas, ideias ou de aspectos não materiais como se os mesmos fossem elementos físicos. Esse conceito é frequentemente aplicado em contextos sociológicos e filosóficos a fim de destacar a diminuição de complexidades humanas para categorias simples ou para destacar a desumanização fruto da objetificação.
Já a objetificação abarca o tratamento de algo abstrato como se esse fosse um objeto. E em muitos casos refere-se à redução de um indivíduo a sua aparência física ou características aparentes. No âmbito social e psicológico, a objetificação sucede quando as pessoas são medidas em especial com base em características externas, deixando de lado sua complexidade tanto emocional e quanto intelectual.
SOUSA, Priscila. (24 de Novembro de 2023). Coisificação - O que é, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/coisificacao