Apropriação cultural caracteriza-se pelo ato de adotar elementos de uma cultura que não condizem com seu contexto. Outros ainda a classificam como quando alguém faz o uso de elementos (físicos ou não) que são propriedade de outros.
E a apropriação cultural é um conceito que surge na área da antropologia, dado que se trata do estudo do ser humano e as dimensões da humanidade.
O termo “apropriar” tem por significado “tomar como propriedade” ou “apoderar-se” de algo.
Dentre esses elementos que podem ser apropriados podemos destacar: costumes, objetos, vestes, o comportamento, artes, símbolos, entre outros.
E, assim, essa apropriação cultural ocorre quando um grupo ou indivíduo se apossa de elementos como esses que pertencem a outro grupo, a outra cultura.
Um exemplo de apropriação cultural é no caso das tranças, que são tidas como um símbolo de resistência, especialmente para as mulheres negras. Então, quando uma pessoa branca ou que não tenha relação com essa cultura adota o uso desse de um tipo de trança, as pessoas consideram isso como apropriação cultural. Para a população negra, o cabelo é crucial, dado que assume um papel essencial na cultura da África.
Outros exemplos de apropriação cultural
O turbante é um item que também se encontra no contexto da apropriação cultural. Ele é comum na cultura africana, onde é classificado como um símbolo de luta e também de resistência e para a cultura afro no Brasil possuindo também um significado no que tange a religião. Logo, pode ser considerada apropriação cultural se outros povos passarem a usar esse item, ainda mais sem saberem seu significado.
Dreadlock, cabelo de rasta ou dread é um tipo de penteado que usa tranças longas e que são finas, ganhando evidência após o chamado “movimento rastafari”. Esse penteado é proveniente de povos antigos, originário da Jamaica, sendo usado como meio de representatividade, alguns o fazendo como meio de adoração ao deus que acreditam, por isso muitos dos que usam esse penteado não o cortam nunca.
Pode-se citar ainda o uso de fantasias como uma situação de apropriação cultural. Isso é assim considerado por acabar reduzindo as pessoas detentoras dessa vestimenta como apenas uma caricatura. Um exemplo disso seria quando acontece o carnaval e faz-se o uso de fantasias que remetam a uma cultura ou povo como os indígenas.
Quem faz esse tipo de uso da vestimenta de uma cultura até mesmo acredita que o faz como modo de homenagear, mas ativistas consideram isso como uma ofensa, uma forma de racismo. No entanto, outros povos não veem isso como uma discriminação ou ofensa.
Na indústria da beleza
Mas essa é uma situação que também está presente na indústria da beleza, com muitos estilistas sendo acusados de apropriação cultural ao criarem peças que imitam padrões de povos como os aborígenes e os indígenas, onde muitos desses estilistas nem ao mesmo têm conhecimento sobre a história desses e de seus significados.
Pode acontecer também de símbolos religiosos serem adotados como itens puramente estéticos, a exemplo disso pode-se citar os símbolos do hinduísmo, que acabam sendo incorporados como elementos de moda.
Num desfile de moda, onde modelos vestem-se com peças de roupas que pertencem a outras culturas, há a apropriação cultural, pois dali foram excluídas as pessoas a quem essas vestes pertencem e que as produziram. É comum que em locais assim haja desfiles usando elementos da cultura africana, o que a indústria da moda classifica como sendo elementos étnicos.
É importante dizer, no entanto, que a apropriação cultural não é um ato considerado como crime, mesmo que seja considerado por muitos como uma grande ofensa.
Apropriação cultural no cinema
No cinema esse tipo de situação também acontece, tal como no caso dos nativos-americanos, que são representados em filmes de faroeste. Nesses filmes os nativos-americanos acabam sendo representados como sendo sempre indivíduos selvagens e perigosos, algo que fez com que o medo por esse povo aumentasse nas pessoas, diante do desconhecimento da realidade.
Mas um exemplo que é um dos mais conhecidos nos dias de hoje, no que tange a apropriação cultural, é o chamado blackface. O blackface consistia na representação de uma pessoa negra por uma pessoa branca, a qual se pintava (geralmente com o uso de carvão) para parecer assim. Isso era comum no século XIX, nos espetáculos conhecidos como menestrel. Acredita-se que esse tipo de espetáculo era ainda um fomentador do preconceito com as pessoas negras, dado que o objetivo do menestrel era usar o que é considerado racismo como uma forma de divertimento.
Apropriação cultural no Brasil
No Brasil, acredita-se que o estilo musical funk carioca também tenha sofrido apropriação cultural, uma vez que esse era um instrumento de expressividade dos povos marginalizados e passou a ser usado em seguida por vários cantores que aderiram ao estilo, o que fez com que esse tomasse maior proporção em popularidade.
SOUSA, Priscila. (29 de Abril de 2022). Apropriação cultural - O que é, exemplos, no cinema e no Brasil. Conceito.de. https://conceito.de/apropriacao-cultural