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Gnosticismo

gnosticismo
O gnosticismo se trata de uma tradição espiritual que se enriza em várias correntes filosóficas

Gnosticismo é uma antiga tradição espiritual e filosófica desenvolvida nos primeiros séculos da era cristã. E nessa era, tal tradição teve um impacto significativo nos primeiros séculos.

O legado do gnosticismo influenciou ainda muitas correntes filosóficas e espirituais ao longo da história, como, por exemplo, a teosofia, o esoterismo e o ocultismo.

Características do gnosticismo

O gnosticismo é uma tradição espiritual que foca em questionar a natureza da existência humana no mundo, crendo que ela é intrinsecamente ligada a diversos tipos de sofrimento.

No âmago do gnosticismo, há a busca por um conhecimento especial, que vai além das fronteiras da razão e da ciência convencionais, dando um sentido profundo à vida humana.

As raízes do gnosticismo remontam a seitas religiosas que vieram antes do cristianismo, porém, nos primeiros séculos da era cristã, ele se entrelaçou com essa fé. Posteriormente, o gnosticismo foi considerado herético.

Uma perspectiva interessante é que o gnosticismo é entendido tanto como um movimento tanto pagão quanto cristão.

Origem e influências do gnosticismo: platonismo, neoplatonismo e hermetismo

O gnosticismo é enraizado em várias correntes filosóficas e espirituais da antiguidade. O platonismo, desenvolvido pelo filósofo grego Platão, por exemplo, é uma dessas correntes que influenciou essa tradição. O gnosticismo se firma na ideia de que a realidade material se trata de algo transitório e ilusório, mas a verdadeira realidade se encontra além do mundo físico.

O que também influenciou o gnosticismo foi o neoplatonismo, uma corrente filosófica do século III d.C. O neoplatonismo dá ênfase a busca pela união mística com o Uno, o princípio supremo de todo o universo. Tal busca pela união com o divino se trata de um tema central no gnosticismo.

Além disso, o hermetismo, que é uma tradição esotérica com base nos ensinamentos do deus egípcio Hermes Trismegisto, também impactou de forma relevante o gnosticismo.

O hermetismo foca na obtenção do conhecimento espiritual direto, que é chamado de gnosis, como meio de obter a libertação espiritual. A gnosis é considerada como um conhecimento salvífico, que pode libertar o indivíduo das limitações que há no mundo material.

Misticismo, dualismo e símbolos sagrados

O gnosticismo se caracteriza por diversas características. E uma delas é o misticismo, pois os gnósticos querem a experiência direta e pessoal do divino, através da gnosis, não querendo depender unicamente da fé ou de uma autoridade externa.

Mais uma característica marcante do gnosticismo é o dualismo. Essa é a crença na existência de duas realidades que são opostas e antagônicas: o mundo espiritual, ligado ao bem e à luz, e o mundo material, com ligação com o mal e à escuridão. Essa visão de dualidade influenciou muito a forma como os gnósticos entendem a criação e a condição dos humanos.

Os símbolos sagrados são outros elementos que possuem um papel fundamental no gnosticismo. Esses são usados como metáforas, parábolas e alegorias a fim de transmitir ensinamentos e conhecimentos espirituais. Eles fazem a representação da realidade divina e se tratam de um meio de comunicação direta com o divino. A interpretação de tais símbolos é algo essencial da prática gnóstica.

Valentinianismo e Nag Hammadi

O gnosticismo deu origem para várias correntes ao longo dos séculos, cada uma tendo as seus próprios focos e ensinamentos. O valentinianismo, por exemplo, foi uma das principais correntes dessa tradição espiritual. Ele se originou no século II d.C. e recebeu o nome de seu fundador, Valentim. Essa corrente focava na importância da união entre o conhecimento (gnosis) e o amor (ágape).

Os seguidores do valentinianismo, chamados de valentinianos, criam numa série de emanações divinas que seguiam do divino até o mundo material, e pregavam que a salvação era alcançada através do conhecimento dessas emanações e da volta para a origem divina.

Um marco de grande importância na história do gnosticismo teria sido a descoberta dos Manuscritos de Nag Hammadi, em 1945. Tais manuscritos, que foram descobertos numa região do Egito, se tratam da coleção de textos gnósticos preservados ao longo dos séculos. Esses textos trazem uma visão mais completa sobre as crenças e práticas gnósticas, havendo, inclusive, escritos de correntes como o valentinianismo e o setianismo.

Revelação, profecia e apocalipse: a busca pela gnosis

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No gnosticismo, o apocalipse não seria um evento de catástrofe

No gnosticismo, a revelação possui também um papel fundamental. É crido que se possa alcançar a gnosis através da revelação direta, seja com sonhos, experiências místicas, visões ou mesmo por meio de ensinamentos transmitidos por mestres espirituais.

A profecia também é algo de valor para o gnosticismo. Os gnósticos criam que profetas e mestres espirituais eram capazes de transmitir mensagens divinas e revelar verdades que estavam ocultas. Essas profecias consistiam de eventos futuros, trazendo uma visão da jornada espiritual e do destino dos seres humanos.

Por fim, o gnosticismo também aborda com frequência sobre a temática do apocalipse. Contudo, é importante relatar que o conceito de apocalipse dentro dessa tradição espiritual é diferente da compreensão tradicional. Para os gnósticos, o apocalipse seria uma revelação, a descoberta de um conhecimento divino oculto, ou seja, não seria vista como um evento de catástrofe.

Citação

SOUSA, Priscila. (21 de Maio de 2023). Gnosticismo - O que é, características, origem e influência. Conceito.de. https://conceito.de/gnosticismo