A fagocitose é um processo essencial para a manutenção da saúde de organismos multicelulares. Ela permite a remoção de microrganismos, partículas e células mortas do corpo. Trata-se de um processo complexo que envolve a participação de diferentes tipos celulares, como os fagócitos e os macrófagos.
O processo de fagocitose
A fagocitose é um processo que começa com o reconhecimento de uma partícula, que pode ser uma bactéria, vírus, células mortas ou outros detritos celulares. A célula fagocítica envolve a partícula com suas membranas plasmáticas, formando uma bolsa denominada fagossomo. Este fagossomo é transportado para o interior da célula, onde é fundido com lisossomos que contêm enzimas capazes de digerir as partículas.
O fagossomo não possui a capacidade de eliminar e destruir o patógeno que foi ingerido. Para obter esta habilidade, ocorre um processo de transformação chamado de “madurez do fagossomo”. Este processo envolve a união de endossomos (organelas ácidas que agem em conjunto com os lisossomos) e lisossomos, liberando no fagossomo diversas enzimas hidrolíticas que formam o fagolisossomo.
O fagolisossomo se trata de um compartimento resultante da fusão dos fagossomos e lisossomos, que mesmo tendo uma aparência simples, é bastante complexo no que diz respeito a organização molecular.
Ele possui muitas proteínas de membrana, incluindo enzimas, proteínas estruturais e transportadoras, que são responsáveis para exportar os monômeros resultantes da digestão. Seu lúmen contém inúmeros tipos de enzimas hidrolíticas, como proteases, lípases, glicosidases, nucleases e fosfatases, que podem decompor boa parte dos compostos orgânicos.
E as enzimas que fazem parte do fagolisossomo, em seu conjunto, matam e fazem a digestão do material fagocitado. Além dessas enzimas, devido as fusões existe ainda a inserção de uma proteína com função transportadora a de H+ chamada de ATPase Vacuolar, a qual transporta H+ para dentro do fagossomo, o qual fica ácido.
Importante: mas cabe dizer que a fagocitose não é eficaz para qualquer tipo de patógene. Há alguns patógenos intracelulares que desenvolveram estruturas e mecanismos que fizeram com que eles conseguissem sobreviver à fagocitose.
Tipos de fagócitos
Existem diferentes tipos de células que são capazes de realizar a fagocitose, como os neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e macrófagos.
Os neutrófilos, eosinófilos e basófilos são células do sangue e são capazes de migrar para os tecidos em resposta a estímulos inflamatórios. Os monócitos são células que se originam na medula óssea e podem migrar para os tecidos, onde se diferenciam em macrófagos, que são células especializadas na fagocitose.
As proteínas presentes na membrana plasmática dos macrófagos servem como receptores, reconhecendo os compostos químicos da superfície de microrganismos e restos de células que devem ser destruídos.
E as células próprias do organismo, não levando esses compostos químicos, são ignoradas e não sofrem a fagocitose. Por isso, o reconhecimento do que pertence ao organismo e o que é estranho é vital para o sistema de defesa.
Alterações nesse mecanismo de reconhecimento podem gerar doenças graves, como a esclerose múltipla, desordem autoimune que afeta o sistema nervoso central. Nessa doença, os macrófagos do próprio organismo realizam a fagocitose da membrana de mielina que cobre os neurônios.
Importância da fagocitose
A fagocitose é essencial para a manutenção da saúde do organismo, pois permite a remoção de microrganismos, partículas e células mortas que poderiam causar danos ao corpo. Além disso, o processo de fagocitose é importante para a resposta imune, permitindo a apresentação de antígenos para células do sistema imunológico, desencadeando uma resposta adaptativa.
Patologias associadas à fagocitose
Alterações na fagocitose estão associadas a diversas patologias, como infecções bacterianas, inflamação crônica, doenças autoimunes e câncer. Por exemplo, pacientes com deficiência na fagocitose, como na síndrome de Chédiak-Higashi ou na doença granulomatosa crônica, estão mais susceptíveis a infecções bacterianas.
A fagocitose e o câncer
A fagocitose também pode estar envolvida no desenvolvimento do câncer. Estudos têm mostrado que a fagocitose de células apoptóticas pode levar à supressão do sistema imunológico, permitindo o crescimento de células tumorais. Além disso, células do sistema imunológico, como os macrófagos, podem ser cooptadas por células tumorais e contribuir para a progressão do câncer.
Aplicação clínica da fagocitose
A fagocitose tem aplicações clínicas em diversas áreas, tais como: no diagnóstico de infecções bacterianas, no tratamento de doenças autoimunes e, ainda, na terapia celular para o câncer.
Importância da fagocitose
A fagocitose é uma função essencial do sistema imunológico, pois permite a eliminação de patógenos e células mortas do organismo, evitando assim a proliferação de doenças. Além disso, a fagocitose também é importante na apresentação de antígenos às células T, o que desencadeia uma resposta imune específica contra o patógeno.
Desregulação da fagocitose e hiperfagocitose
A desregulação da fagocitose é uma condição que pode levar a diversas doenças. Por exemplo: a deficiência na fagocitose pode resultar em infecções recorrentes, como na doença granulomatosa crônica. Já a hiperfagocitose, que ocorre quando as células fagocíticas estão excessivamente ativadas, pode levar a inflamação crônica e danos teciduais, como na artrite reumatoide.
SOUSA, Priscila. (21 de Fevereiro de 2023). Fagocitose - O que é, conceito, tipos e importância. Conceito.de. https://conceito.de/fagocitose