Historiografia se trata do estudo sobre como a história foi escrita. Ela ainda estuda como a compreensão histórica das pessoas se altera com o tempo.
Nesse estudo, se leva em conta as metodologias utilizadas e também as práticas da escrita ao longo da história. Ele ainda busca entender o motivo das interpretações e teorias serem distintos para cada historiador.
Um historiador é alguém que se dedica ao estudo e a interpretação do passado, com foco em conseguir explicar os eventos mudanças e processos que sucedem em variadas sociedades e culturas com o tempo.
Desse modo, mesmo o passado não mudando, mas o modo como ele é contado muda, ou seja, a escrita tende a evoluir, desse modo, novos historiadores passam a analisar e interpretar o passado a fim de proporcionar uma nova escrita.
Importante: o profissional designado para escrever a história da sua época é chamado de historiógrafo.
Fontes primárias e secundárias
Quando se trata da historiografia, há ainda como citar as fontes primárias e as secundárias como documentos que fornecem evidências.
Fontes primárias se tratam de documentos originais e testemunhos diretos sobre o passado. E aqui há como citar as cartas, diários, fotografias e demais registros autênticos. Elas proporcionam insights diretos a respeito dos eventos históricos.
Enquanto isso, as fontes secundárias são interpretações e análises realizadas por historiadores. Mas para isso eles têm com base as fontes primárias, trazendo então uma perspectiva analítica e contextualizada a respeito do passado.
História da historiografia
A historiografia, que também pode ser chamada de escrita da história, está profundamente enraizada nas civilizações antigas. No Oriente Médio, escribas relataram sobre rituais, memórias das tradições e mesmo sobre economia, comumente mesclando história com mitos.
Civilizações que pertenciam ao Extremo Oriente, como a chinesa e a hindu, também documentaram suas histórias por meio de escribas. Contudo, foi através dos gregos, com figuras como Heródoto e Tucídides, que a história passou a ser organizada de maneira sistemática, afastando-se aos poucos da narrativa mitológica.
Esse marco grego constituiu as bases para a evolução da historiografia. E isso ainda influenciou culturas posteriores e moldou a maneira como as pessoas entendem o passado.
Foram os responsáveis pela elaboração da historiografia grega os primeiros a estarem conscientes de que estavam criando uma pesquisa com a finalidade prevenir que os fatos da sua época se perdessem com o tempo.
Os romanos também criaram a sua historiografia, sendo eles herdeiros da cultura dos gregos. E para isso eles contaram com as mãos de talentosos historiadores como Cícero, Políbio e Tácito. Inclusive, na obra de Tácito é citada a visita de Jesus Cristo na Palestina (qual à época, se tratava da província do Império Romano).
Os primeiros cristãos e os judeus também criaram a sua historiografia, como foi o caso de Flávio Josefo, autor da chamada História Hebraica, e também de Eusébio de Cesareia, autor da História Eclesiástica.
Há ainda que ser mencionada a historiografia renascentista, a qual coloca o homem no cerne, diferente do que acontecia da historiografia cristã medieval que se tratava de uma historiografia teocêntrica, onde Deus se encontrava como o centro do processo histórico.
Mas a partir do século XIX a história é então tida como uma disciplina científica, tendo métodos próprios e uma particularidade de sua escrita.
Principais correntes da historiografia
A historiografia, conforme passa por uma evolução, é moldada por variadas correntes e abordagens com o objetivo de entender o passado de modos diferentes. E entre as principais correntes estão: o positivismo, o materialismo histórico e também a escola dos Annales.
O positivismo, mesmo que nos dias atuais tenha perdido sua influência, teve um papel importante na história da historiografia. Essa corrente foca na análise cronológica dos fatos históricos, procurando uma narrativa meramente factual, por vezes descuidando das análises críticas e interpretações mais complexas.
O materialismo histórico, qual fora proposto por Karl Marx, trouxe revolução para a abordagem histórica ao ressaltar a importância da economia na formação das sociedades. Marx citou que os motores da história seriam a luta de classes e as relações econômicas, o que influenciava profundamente a historiografia tanto social quanto política.
A escola dos Annales, criada por Marc Bloch e por Lucien Febvre, retratou uma abordagem mais extensa e também interdisciplinar para a história. Essa corrente aliou elementos da antropologia, filosofia, psicologia e geografia nas suas análises, em busca da compreensão não somente dos eventos, mas ainda das estruturas sociais e mentalidades que modelaram o passado.
Lucien Febvre, um dos que lideravam essa escola, teve um papel importante ao estimular uma história que foi além da mera narrativa factual, analisando as complexidades das sociedades.
Diferença entre história e historiografia
A história se configura no estudo do passado humano, com base em arquivos, manuscritos e demais fontes. O foco dela é em entender pessoas e sociedades ao longo do tempo, usando para isso métodos históricos, teoria da história e também periodização a fim de organizar os fatos numa narrativa coesa.
Historiografia, por sua vez, se trata do exame crítico da escrita da história, analisando como as biografias, crônicas e outros tipos de narrativas modelam a compreensão que se tem do passado.
SOUSA, Priscila. (26 de Setembro de 2023). Historiografia - O que é, história, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/historiografia