Farmacocinética se resume ao estudo do caminho que o medicamento faz no organismo. A mesma é uma área pertencente a farmacologia.
Essa área analisa o processo de absorção, distribuição, metabolismo e de excreção dos medicamentos, assim como a relação entre a dose administrada e a concentração plasmática obtida.
O entendimento da farmacocinética é eficaz para fazer uma avaliação da eficácia e da segurança dos medicamentos, mas ela ainda fornece informações importantes para o desenvolvimento de formulações e tratamentos mais adequados.
Absorção de medicamentos
O processo de absorção de medicamentos se trata da entrada da substância no organismo. A via de administração usada tende a afetar expressivamente a rapidez e a extensão dessa absorção. Por exemplo:
- A via oral é a mais comum e compreende a ingestão de medicamentos pela boca. Nesse caso, o medicamento passa pelo trato gastrointestinal, onde acontecem as interações com os demais alimentos ou medicamentos antes que esses sejam absorvidos na corrente sanguínea.
Outras vias de administração são: via intravenosa (na corrente sanguínea) via subcutânea (injeção abaixo da pele), também a via intramuscular (no músculo) via inalatória (por inalação), a via retal (pelo reto), via sublingual (sob a língua) e via tópica (na superfície da pele).
Cada via dispõe de vantagens e desvantagens, variando de acordo com as características do fármaco e também da condição clínica do paciente. Um exemplo seria no caso da via intravenosa, onde a administração da dose seria mais rápida e com precisão, por sua vez, a via tópica seria indicada para tratar condições de pele num dado local.
Distribuição de medicamentos
Após o processo de absorção, os medicamentos adentram na corrente sanguínea e depois são espalhados para diferentes tecidos e órgãos do corpo. É importante saber que a distribuição está sujeira a fatores como a lipossolubilidade do fármaco, o fluxo sanguíneo e a afinidade com proteínas plasmáticas.
Há medicamentos que podem se atrelar a proteínas plasmáticas, como é o caso da albumina. E tal ligação impacta a quantidade de fármaco que estará disponível para cumprir sua atividade farmacológica.
A distribuição dos medicamentos é algo também que pode ser influenciado por características individuais do paciente, por exemplo: idade, peso, condições patológicas, etc. Nos pacientes com doença renal, por exemplo, a função do órgão pode se comprometer, afetando a farmacocinética do medicamento.
Metabolismo de medicamentos
O metabolismo de medicamentos compreende as transformações químicas que se dão no organismo para transformar o fármaco em metabólitos que podem ser excretáveis de modo mais fácil.
Quem atua no metabolismo dos medicamentos é o fígado, contudo há outros órgãos e tecidos também que integram esse processo. As enzimas hepáticas, como é o caso do citocromo P450, possuem um papel crucial na biotransformação dos medicamentos.
E ainda, o metabolismo tende a atuar na ativação ou na inativação dos medicamentos.
Há fármacos que são administrados na forma inativa e necessitam da biotransformação para se converterem em moléculas ativas. Mas há também alguns que podem ser metabolizados em compostos inativos, o que faria necessário que houvesse a administração de doses maiores a fim de alcançar o efeito terapêutico que se deseja.
Excreção de medicamentos
A excreção de medicamentos é a fase da eliminação do fármaco e de seus metabólitos do organismo. Dentre os órgãos envolvidos na excreção estão: rins, trato gastrointestinal, pulmões e pele. É comum que os medicamentos podem ser excretados na urina, fezes, suor, etc.
O que se chama de taxa de excreção tende a variar, a depender das características do fármaco e da saúde do paciente. Por exemplo: aqueles pacientes com comprometimento renal tendem a realizar a excreção renal de medicamentos, mas de forma reduzida, o que gerará em uma maior concentração plasmática, elevando os riscos de efeitos adversos.
Biodisponibilidade e dose
Biodisponibilidade é um conceito de suma importância na farmacocinética, se referindo à fração de uma dose administrada de medicamento que chega até a circulação sistêmica sem alterações, podendo exercer o seu efeito terapêutico.
A biodisponibilidade seria influenciada por variados fatores, por exemplo: a forma farmacêutica usada, como o medicamento é administrado e as características individuais de cada paciente.
Os medicamentos administrados por via oral, por exemplo, poderiam ter a biodisponibilidade reduzida por conta do metabolismo de primeira passagem, que se dá no fígado antes que o fármaco chegue até a circulação sistêmica.
A dose de um medicamento tem relação com a quantidade administrada e a mesma é determinada segundo vários fatores, como: a resposta desejada, a farmacodinâmica do medicamento, etc.
Sobre a farmacodinâmica, ela estuda como os medicamentos interagem com o organismo para gerar efeitos terapêuticos ou efeitos tóxicos. Logo, cabe ajustar a dose com base nas características individuais do paciente a fim de garantir a eficácia e reduzir o risco de efeitos adversos.
Interações medicamentosas e toxicologia
A farmacocinética também possui um papel essencial na compreensão das interações medicamentosas, que podem acontecer quando é feita a administração de dois ou mais medicamentos ao mesmo tempo.
Essas interações tendem a afetar a absorção, a distribuição, o metabolismo ou a excreção dos medicamentos, gerando alterações na concentração plasmática e também nos efeitos farmacológicos. Além do mais, a farmacocinética é crucial ainda na área da toxicologia, que é responsável por estudar os efeitos adversos dos medicamentos.
SOUSA, Priscila. (12 de Junho de 2023). Farmacocinética - O que é, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/farmacocinetica