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Heteronomia

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Na heteronomia, se tomam decisões influenciadas por fatores externos, não agindo segundo seus próprios princípios

Heteronomia é um termo frequentemente discutido no âmbito da filosofia moral e da ética. O termo remete a submissão, dependência e sujeição.

O termo é composto por “hetero”, que vem do grego e significa “diferente”, e de “nomos”, que possui o significado de lei.

Esse é um conceito muito importante para entender o comportamento dos seres humanos. O mesmo ajuda a tratara de questões ligadas à moralidade e à responsabilidade.

Diferenças entre heteronomia e autonomia

Heteronomia e autonomia são dois conceitos distintos, porém intrinsecamente ligados. Eles proporcionam uma base sólida para a quando se pretende tratar sobre ética e moral.

A autonomia se trata da capacidade de um indivíduo em tomar as suas próprias decisões segundo seus princípios e valores. Seria a ideia de que o indivíduo seria a autoridade suprema em sua própria vida, podendo determinar sua conduta moral.

Sobre a autonomia também, ela está intimamente ligada com a liberdade de escolha. outro aspecto ligado a ela seria a capacidade de atuar segundo a própria consciência moral.

Por sua vez, a heteronomia se traduz em um conceito oposto.

Ela designa a condição onde decisões e ações são influenciadas por fatores externos, a exemplo de normas sociais, leis ou a pressão do grupo. Isso quer dizer que na heteronomia o indivíduo não age com base em seus próprios princípios morais, mas ele age segundo as expectativas e regras atribuídas por outros.

Influência da heteronomia na história da filosofia

A discussão a respeito da heteronomia é significativa na história da filosofia moral. Filósofos através dos séculos analisaram esses conceitos buscando entender como os seres humanos tomam decisões e se comportam numa sociedade.

O filósofo alemão Immanuel Kant se trata de uma figura crucial quando se trata de abordar a heteronomia e a autonomia. Kant criou uma teoria ética conhecida chamada de “ética deontológica“, focada na essencialidade dos princípios morais e obrigação moral. Ele relatava que a moralidade genuína só seria alcançada por meio da autonomia moral.

Para Kant, a heteronomia personifica uma ação moralmente inadequada, pois implica que alguém age segundo motivos externos, no lugar de atuar por dever e por respeito às normas morais universais.

O filósofo ainda introduziu o conceito do “imperativo categórico“. Esse se trata de um princípio ético que determina que as pessoas ajam com base em máximas quais pudessem ser universalizadas, ou seja, que todos conseguissem seguir sem contradição.

Porém, na ética deontológica, a heteronomia é comumente vista como problemática. Isso ocorre porque ela implica que alguém esteja atuando com base em razões externas, ao invés de agir por dever moral. Logo, deontologia dava ênfase para a autonomia moral e o aderir de certas regras éticas.

Heteronomia e a moralidade

A heteronomia é comumente relacionada a uma forma menos desenvolvida de moralidade, onde as pessoas agem segundo normas sociais, leis ou a influência de figuras de autoridade, no lugar de fundamentarem as suas ações em princípios morais internos.

Isso não quer necessariamente dizer que todas as ações heterônomas sejam imorais, contudo, a motivação por trás das mesmas difere da motivação autônoma que tem como base a consciência moral.

A moralidade autônoma ordena a capacidade de realizar julgamentos morais independentes e adotar princípios éticos, ainda que tais ações sigam contra as normas sociais ou mesmo a pressão externa. Aqueles que atuam autonomamente são por vezes vistos como mais responsáveis devido as suas ações, pois eles decidem conscientemente e com base em seus próprios valores.

Heteronomia e sociedade

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É comum que a heteronomia exista em diferentes contextos

A heteronomia exerce um papel importante na dinâmica social e nas normas culturais.

Em muitos casos, as sociedades constituem normas e leis que influenciam fortemente o modo como os indivíduos se comportam. Isso é algo que pode ser positivo em certos casos, assegurando a ordem e a coesão social. No entanto, ainda poderia levar à conformidade cega e à ausência de questionamento de práticas imorais ou injustas.

Um exemplo seria no caso das sociedades autoritárias, onde a heteronomia seria predominante, uma vez que os cidadãos são obrigados a seguir às leis e regulamentos atribuídos pelo governo. E em muitas vezes não há espaço para questionamento ético. Isso tende a levantar questões a respeito da responsabilidade moral dos que obedecem a ordens injustas ou imorais em prol da obediência à autoridade.

Heteronomia e ética no trabalho

Nos ambientes de trabalho há como observar a heteronomia, com os funcionários sentindo a pressão para acompanhar as regras da empresa, mesmo quando as mesmas entram em conflito com os seus próprios princípios éticos.

Um exemplo seria se o funcionário de uma empresa cedesse e seguisse uma ordem de superiores para a realização de algo que considera como antiético. Ele pode fazer isso devido a sua posição na hierarquia da empresa ou por medo de ser retaliado. Nesse caso, a pessoa agiria sob influência externa.

Mas esse é um caso que ainda gera controvérsias, posto que se acredita que mesmo nos contextos de trabalho, as pessoas possuem a responsabilidade de adotar decisões éticas e não simplesmente seguir ordens moralmente erradas.

Citação

SOUSA, Priscila. (7 de Setembro de 2023). Heteronomia - O que é, conceito, influência e história. Conceito.de. https://conceito.de/heteronomia