Comércio justo (“fair trade” em inglês) é um movimento social que ocorre em nível global. O objetivo dele é proporcionar oportunidades de desenvolvimento aos pequenos produtores rurais e artesãos, além de promover padrões de produção sustentáveis e responsáveis.
Por meio desse movimento se tem mais equidade nas relações comerciais interacionais.
Foi por volta de 1940 que esse movimento surgiu, sendo naquela época uma forma de alternativa ao modelo tradicional modelo de comércio, que não estava se saindo muito bem.
Nesse modelo comercial, estão no cerne o bem-estar da sociedade e a preservação e bem uso dos recursos da natureza. Além do que, figura como elemento essencial ali também a sustentabilidade na economia. E com isso, há respeito com o trabalho e trabalhadores, assim como respeito ao meio ambiente.
Para os pequenos produtores rurais, o comércio justo lhes concede a oportunidade de terem mais igualdade. E desse modo, tendo essa igualdade para comercializar seus produtos, eles teriam um canal mais direto com os clientes e de forma sustentável e sólida.
Mas, ainda para esses trabalhadores, esse comércio lhes proporciona condições de trabalho mais dignas.
O comércio justo trata das injustiças que há no comércio convencional, onde os pequenos produtores são discriminados. Mas revertendo essa situação, se teria mais força e voz para esses produtores e artesãos.
Reciclagem e reutilização e consumo consciente são outros aspectos importantes ali.
Comércio justo e igualdade de gênero
No cenário do comércio justo, é tratada também da igualdade de gênero no comércio justo. Nesse contexto, as mulheres são tratadas de fora igualitária, com os mesmos direitos e benefícios.
Um exemplo são os diversos casos de mulheres que buscam por um trabalho na produção agrícola, seja na indústria do cacau ou do café, porém a prioridade nesse caso é para os homens. Logo, elas acabam sendo menos favorecidas. Contudo, o comércio justo gera estímulo para que as mulheres participem do negócio e, em certos casos, ainda proporciona treinamento para qualificar as que necessitam, ajudando para elas possam ter a sua renda.
Organizações empenhadas
Muitas organizações foram criadas em prol de amparar e promover esse comércio, como é o caso da Organização Mundial de Comércio Justo (WFTO), criada em 1989, além da Fairtrade International (1997) e da Coordenadora Latino-Americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores do Comércio Justo.
Houve ainda o auxílio da União Europeia, em 2017, para o projeto Trade Fair, Live Fair, que movimentou organizações e cidadãos em prol de conquistar formas de consumo e produção sustentáveis, atuando com alinhamento ao ODS 12.
As organizações voltadas ao comércio justo focam em expandir os princípios e práticas de tal modelo, ultrapassando a sua esfera de atuação. Elas veem que possuem um impacto direto e visam compartilhar a sua expertise a fim de influenciar nas práticas comerciais convencionais e nas regulamentações do governo.
E é comum que se faça isso através de campanhas e das práticas de lobby. Mas há ainda o uso da influência nos governos a nível nacional e internacional.
Essas organizações focam em sensibilizar os variados atores que atuam no comércio (consumidores, empresas e autoridades governamentais) a respeito das vantagens do comércio justo em relação a justiça social, econômica e também ambiental.
Quando promovem uma abordagem com mais ética e sustentabilidade para o comércio global, elas anseiam por uma transformação mais extensa no sistema econômico. E com isso visam o alcance de um equilíbrio que seja mais justo e equitativo para os envolvidos.
Assim, benefícios como agricultura sustentável, salários dignos, condições de trabalho seguras, direitos dos trabalhadores, cooperação agrícola, economia solidária, promoção do artesanato local, redução da pobreza e desenvolvimento social seriam alcançados.
Sobre as ações para a disseminação dessa forma de comércio
O comércio justo precisa de mudanças expressivas em diversos atores e contextos para que seja, de fato, uma tendência efetiva em diversos países. E uma dessas mudanças diz respeito ao comportamento dos consumidores.
Esses consumidores devem se dispor a dar prioridade para os produtos que vem de práticas comerciais éticas e onde houve responsabilidade social.
Além do mais, é preciso propagar uma cultura de associativismo e de cooperativismo, estimulando a constituição de parcerias entre os produtores e os consumidores.
Quanto ao que diz respeito a tecnologia, seria crucial se houvessem equipamentos de monitoramento que possibilitassem a avaliação do desempenho e dos atributos relativos à qualidade dos produtos em sua cadeia de produção e de distribuição. E aqui caberia a implementação de sistemas para rastreabilidade e certificação que tenham um baixo custo, assegurando a transparência e a autenticidade nas práticas de comércio com equidade para os consumidores.
Essas mudanças, contudo, exigem um esforço por parte de variados atores, tais como: governos, empresas, organizações da sociedade civil e também consumidores. Apenas assim se conseguiria disseminar uma cultura de consumo que seja consciente e sustentável, em que o comércio justo prospere.
Diversos países já atuam em prol disso e espera-se que nos próximos anos esse comércio se expanda cada vez mais.
SOUSA, Priscila. (1 de Abril de 2024). Comércio justo - O que é, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/comercio-justo